quinta-feira, abril 18, 2024

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Cresce número de notificações sobre bullying nas escolas

Aproximadamente 6,7 milhões de estudantes sofreram algum tipo de violência na escola no último ano

Antes, a Lei 13.185, de 2015, que instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, previa a figura do bullying, mas não estabelecia punição específica – Divulgação

Do Portal Verdade

7 de abril é Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. A data instituída pela Lei 13.277, em 2016, lembra o “massacre do Realengo”.

Cinco anos antes, em 2011, um ex-estudante da Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no município do Rio de Janeiro, retornou ao colégio armado com dois revólveres e disparou aleatoriamente contra os alunos.

Foram contabilizados 22 feridos, com idades entre 13 e 15 anos. Entre eles, 12 mortes. Em carta deixada pelo atirador, então com 23 anos, ele relata bullying sofrido à época em que frequentava a escola.

E os dados continuam alarmantes. Levantamento do DataSenado aponta que cerca de 6,7 milhões de estudantes sofreram algum tipo de violência na escola no último ano – o número representa 11% dos quase 60 milhões de estudantes matriculados no país. Considerando registros em cartórios, foram identificadas mais de 121 mil notificações em 2023.

Paraná acima da média

Já informações do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, observaram que a percepção sobre a incidência de casos de violência por professores e diretores no cotidiano das escolas também aumentou (37,6%).

No Paraná, o percentual de escolas com registros de bullying, ameaças ou ofensas verbais foi de 47,3%. O índice ficou 10% acima da média nacional.

A pedagoga Jaqueline Kelly Bueno da Silva reforça que o enfrentamento de casos de bullying requer o desenvolvimento de ações formativas com todos os sujeitos participantes do processo de ensino aprendizagem, afastando-se, portanto, de visões “policialescas” sobre o tema.

“Com o aumento de ataque às escolas no país é comum, as pessoas associarem o combate à violência com medidas mais autoritárias e imediatistas como a inclusão de policiais dentro das instituições. Este medo é legítimo, porém, o que vemos é que a médio e longo prazo elas não resolvem o problema. É urgente que haja investimento na criação de políticas e programas que visem conscientizar todo o corpo docente, de funcionários, estudantes sobre as consequências da intimidação e demais violências na vida dos alunos, que tendem a ser duradouras, inclusive”, alerta.

“Para que haja a efetiva aprendizagem, a escola precisa ser um espaço de acolhimento e segurança. Diversas pesquisas apontam para os efeitos que as violências têm na trajetória escolar, destacando que o abandono dos estudos podem ter como motivação esta tentativa de fugir do constrangimento”, acrescenta.

Nova lei tipifica crimes

Em janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou Lei nº 14.811, que estabelece medidas para reforçar a proteção de crianças e adolescentes contra a violência, principalmente, nos ambientes educacionais.

A regulamentação institui a Política Nacional de Prevenção e Combate ao Abuso e Exploração Sexual da Criança e do Adolescente e promove alterações significativas no Código Penal, na Lei dos Crimes Hediondos e no Estatuto da Criança e do Adolescente, criminalizando, por exemplo, as práticas de bullying e cyberbullying.

A norma inclui a tipificação das duas práticas no Código Penal. Bullying é definido como “intimidar sistematicamente, individualmente ou em grupo, mediante violência física ou psicológica, uma ou mais pessoas, de modo intencional e repetitivo, sem motivação evidente, por meio de atos de intimidação, de humilhação ou de discriminação, ou de ações verbais, morais, sexuais, sociais, psicológicas, físicas, materiais ou virtuais”. A pena é de multa, se a conduta não constituir crime mais grave.

Já o cyberbullying é classificado como intimidação sistemática por meio virtual. Se for realizado por meio da internet, rede social, aplicativos, jogos on-line ou transmitida em tempo real, a pena será de reclusão de dois a quatro anos, e multa, se a conduta não constituir crime mais grave.

Antes, a Lei 13.185, de 2015, que instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, previa a figura do bullying, mas não estabelecia punição específica para esse tipo de conduta, apenas obrigava escolas, clubes e agremiações recreativas a assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e constrangimento repetitivo.

Edição: Pedro Carrano

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Vítima de bullying, adolescente escreve livro e ganha força para superar trauma: ‘Me sinto bem porque ajudei pessoas’

Ariane Emanuele Sztaler, de 14 anos, coletou depoimentos de vítimas, aplicou um questionário para 300 alunos, traçou perfil das vítimas de bullying e fez levantamento de leis que abordam assunto.

Estudante do ensino fundamental na rede estadual, Ariane Emanuele Sztaler, de 14 anos, escreveu um livro para conscientizar outros jovens e adolescentes sobre a prática de bullying.

A inspiração para a estudante, moradora de Jardim Alegre, no norte do Paraná, foi a própria experiência enquanto vítima.

Ariane conta que passou por situações de bullying feitas por uma colega de classe na escola, nas quais era alvo de piadas por ser tímida e por conta da aparência física.

De acordo com ela, a violência a deixava cada vez mais insegura, retraída e a desmotivava a ir à escola.

Porém, a experiência de criar o livro a ajudou a superar o medo e o trauma.

“Eu me sinto melhor, porque, com esse livro, muitas outras pessoas na mesma situação ou pior que eu foram ajudadas. Eu me sinto bem com isso, porque eu ajudei pessoas e consigo me sentir bem melhor do que antes”, afirma Ariane.

Para o material, Ariane e a mãe coletaram depoimentos de vítimas, aplicaram um questionário para cerca de 300 alunos em escolas municipais para coletar informações, traçaram um perfil das vítimas de bullying e as principais formas de ataque dos agressores e fizeram um levantamento de leis que abordam o assunto.

Depois de 6 meses de trabalho e pesquisa, o resultado final foi publicado no livro intitulado “Bullying: caia fora dessa”.

O bullying pode se manifestar de diversas formas, entre elas por meio de “piadas”, agressões físicas e morais, perseguições e exposição vexatória da vítima. Pode acontecer de maneira presencial, ou também por meio da internet, em uma modalidade conhecida como cyberbullying.

Pesquisadores afirmam que a prática apresenta um risco para a saúde mental das crianças a curto prazo, com as consequências mais notáveis ​​sendo ansiedade elevada, depressão e pensamento paranoico.

Porém, os efeitos do bullying, especialmente quando sofrido em fase de formação, podem durar décadas, com mudanças duradouras que podem colocar as vítimas em maior risco de problemas de saúde mental e físicos.

Ariane incentiva que outras vítimas relatem as situações de bullying a professores ou responsáveis.

No Paraná, uma lei de 2012 fortalece o combate ao bullying nas escolas públicas e privadas do estado. A lei estadual é similar à federal, trazendo mudanças quanto às competências das instituições de ensino e a elaboração de um plano de ação com medidas preventivas ao bullying.

Eliane Sztaler, de 49 anos, mãe de Ariane, conta que sugeriu a ideia do livro como forma de facilitar o diálogo com a filha.

“Eu a convidei para a gente colocar no papel, que era uma forma de se abrir, já que ela tinha muita dificuldade de conversar. E eu me propus a fazer uma parceria com ela e a gente criar esse material que fosse dar voz ao que ela sentia e, também, ao mesmo tempo, que a gente pudesse estar incentivando outras pessoas”, relembra.

A mulher é professora e afirma que a experiência profissional a ajudou a identificar que a filha estava enfrentando algum problema. Depois da publicação, a mãe passou a usar o material dentro de sala de aula com os próprios alunos.

“Ela, como uma pessoa que escreveu um livro, se tornou um exemplo para eu estar trabalhando com outras crianças”, conta Eliane.

Para ela, o mais importante é que os responsáveis se atentem aos sinais e também mantenham um diálogo com os filhos, sejam eles vítimas ou praticantes do bullying.

“O diálogo aberto é muito importante. Nada substitui o diálogo. ‘Ah, a escola reclamou que o meu filho está fazendo bullying, eu vou lá hoje e já vou repreender’. Não, conversa, porque, na maioria das vezes, o que está acontecendo é a própria necessidade de chamar a atenção que o praticante sente”, aconselha.

Por Mariah Colombo e Emanuel Pierin, g1 PR e RPC — Curitiba

11/07/2023 10h11 

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Psicóloga diz que Atirador de GO passou de vítima de bullying a agressor e remete a caso Columbine

De acordo com a polícia de Goiás, o aluno do colégio Goyazes tinha como alvo apenas um garoto que fazia as provocações. O atentado resultou na morte de dois meninos de 13 anos e outros quatro estudantes baleados estão hospitalizados. O atirador teria tentado se matar após ter feito as vítimas, mas foi impedido por uma funcionária da escola. No episódio de Columbine em 1999, dois adolescentes considerados superdotados, supostamente vítimas de bullying, mataram 12 alunos e um professor. Ambos se suicidaram.

Para Susete Figueiredo, professora de psicologia escolar na Universidade Mackenzie, as vítimas de bullying podem se tornar agressores. Na tentativa de eliminar o problema, eles passam a praticar o bullying ou tomar medidas violentas. “Provavelmente, ele encontrou na arma o instrumento mais próximo para acabar com o sofrimento dele. Como no caso de Columbine, em que eles cansaram de ser vítimas e quiseram exterminar a escola como um todo”, analisa.

Na avaliação de Neide Noffs, psicopedagoga e diretora da Faculdade de Educação da PUC-SP, a reação do garoto de 14 anos foi extrema e não pode justificar o crime. “Há uma fantasia de que o seu problema será resolvido eliminando as pessoas”, pontua.

Ambas especialistas afirmam que o menino de Goiânia já devia ter apresentado sinais de que estava sofrendo bullying.

Susete caracteriza a agressão como “brincadeiras abusivas e repetitivas que causam dor e sofrimento no outro”. ” Lembrando que não é qualquer pessoa que sofre com uma brincadeira de mau gosto”, pontua.

“No começo, a vítima fica um pouco mais afastada. Em vez de compartilhar o sofrimento com os demais, eles se fecham, geralmente, por vergonha, com com medo de retaliação”, explica Susete. À medida que sofre o abuso, segundo a psicóloga, a vítima pode entrar em depressão, se tornar um agressor ou tirar a própria vida. “Cada um tem uma reação diferente”.

Neide diz que as vítimas se retraem e fazem queixas, que nem sempre são explícitas. “O menino pode reclamar que não quer ir à escola, que está chateado, porque ele não localiza o motivo real do sofrimento”.

A psicopedagoga da PUC questiona se o garoto de Goiás teria dado “nenhum sinal de insatisfação ou aborrecimento”. “Não é possível que nem a família nem os profissionaisda escola detectaram isso”, afirma.

Arma era da mãe e estava escondida em casa, diz polícia

Escola deve combater bullying

“Eu acredito que pais e professores são peças fundamentais para perceber a mudança de comportamento do jovem. Quando ele está em sofrimento, ele se isola, fica mais quieto e há uma tendência de as notas da escola caírem”, diz a professora do Mackenzie.

O papel da escola, segundo Susete, é de combater o bullying. “A escola não pode fazer vistas grosas para o que está acontecendo. A escola é o palco adequado para se trabalhar nessa prevenção, com rodas de conversa e psicólogo é uma peça muito importante para fazer esse de mediação. A cada ano vemos episódios desse em escola pública ou particular. É necessário dar recursos para fazer esses jovens a falar. Eles têm a necessidade de expressar”.

Adolescente se inspirou em Columbine e Realengo

O adolescente de 14 anos que matou dois colegas nesta sexta-feira (20) dentro de uma sala de aula em Goiânia afirmou, em depoimento à polícia, que se inspirou nos tiroteios de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro. O relato foi feito à imprensa pelo delegado Luis Gonzaga Júnior, que investiga o caso.

“O adolescente agiu motivado por um bullying que ele sofria de outro adolescente. Segundo informação do próprio adolescente, ele se inspirou em duas tragédias. Uma tragédia que aconteceu [em 1999] nos Estados Unidos, no colégio Columbine, e outra [em 2011] no Realengo, aqui no Brasil. Dessa inspiração fez nascer a ideia nele de matar alguém. Depois, motivado por esse bullying que ele sentia e sofria por parte de um dos seus colegas, ele resolveu executar e matar pessoas”, disse Gonzaga.

O adolescente atirador de Goiânia abriu fogo contra seus colegas do colégio Goyazes por volta das 11h40 desta sexta. Ele relatou em depoimento que tinha como alvo especificamente um dos dois jovens que morreram, que o “amolava muito”, sem especificar como era a perseguição. “[Ele matou] primeiro esse colega e, depois, segundo ele, teve vontade de matar mais. No momento da execução ele falou para todo mundo: ‘Vocês vão todos morrer'”, acrescentou o delegado.

O delegado disse à imprensa, entretanto, que o adolescente não relatou, em seu depoimento, já ter feito alguma reclamação à escola sobre ser vítima de bullying. Funcionários do colégio também afirmaram à polícia que não havia registro de bullying em relação ao jovem que cometeu o crime.

O atirador contou também que já passou por acompanhamento psicológico, o que foi confirmado por seu pai, mas nenhum dos dois especificou do que se tratava e o que o motivou, segundo Gonzaga, da Depai (Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais).

Questionado se o adolescente esboçou algum sentimento de culpa, Gonzaga disse que ele não chegou a falar a palavra “desculpas”, mas, pela feição, aparentava estar arrependido “com certeza”.

 

fonte:jornalfloripa.com.br
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Empresa americana oferece ajuda gratuita a vítimas de cyberbullying

Com o objetivo de combater a violência virtual, ou o “cyberbullying”, dentro do Brasil, uma empresa de Miami está oferecendo ajuda gratuita às vítimas mensalmente. Na prática, a ação visa, quando possível, limpar o conteúdo falso sobre a vítima da web e disseminar blogs, sites e perfis de mídia social com amplo conteúdo positivo sobre o nome dos atingidos.

De acordo com o brasileiro Fernando Azevedo, CEO da empresa americana Y-Bus, todos os meses pelo menos uma dúzia de ligações de pessoas desesperadas são recebidas pela equipe. A maior parte das vítimas do bullying digital são crianças entre 11 e 13 anos, e, geralmente as ligações partem dos pais das vítimas.

Desta forma, a empresa, que é especializada em tecnologia web, incluindo Apps, E-Commerce, SEO, reputação online e Social Media Marketing, criou um programa que vai ajudar a quem está sendo vítima de acusações e difamações nas redes sociais. Uma vítima será escolhida mensalmente para que a empresa ofereça toda a estrutura para ajudar as famílias, crianças e adolescente.

A intenção é primeiro retirar da web todas as informações, fotos, notícias e acusações falsas sobre a vítima. Porém, a tarefa não é tão simples, já que depende do auxílio de administradores de páginas, redes sociais e sites. Sendo assim, a Y-Bus irá criar blogs, sites e perfis com conteúdo positivo sobre as vítimas, com o objetivo de fazer com que essa informação apareça primeiro nos resultados das buscas na internet, “empurrando” para baixo os locais com material maldoso e calunioso.

Orientação

Uma dica importante dada pela Y-Bus a quem está sendo vítima de algum ataque virtual é não comentar ou fazer qualquer clique sobre a postagem. O motivo é simples: o Facebook e outras redes sociais escolhem os conteúdos que vão compartilhar de acordo com a receptividade que aquele conteúdo teve. Desta forma, a solução é ignorar e realizar apenas a denúncia da postagem que está promovendo o ataque.

As vítimas interessadas na ajuda devem entrar no site e preencher um formulário. Todos serão analisados e um será selecionado por mês para receber a ajuda gratuita.

Informações Assessoria de Imprensa

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