quinta-feira, maio 2, 2024

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Aluna com autismo é vítima de bullying dentro de escola, vídeos repercutem e geram protesto em Natividade

Protesto aconteceu nesta sexta-feira (31) depois que imagens viralizaram nas redes sociais. Após o caso, que aconteceu na segunda-feira (27), a vítima está sendo acompanhada pelo setor de psicologia do Conselho Tutelar da cidade.

Um vídeo que mostra estudantes praticando bullying contra uma aluna que tem autismo em uma escola estadual na cidade de Natividade, no Noroeste Fluminense, ganhou repercussão nas redes sociais, gerou revolta e um protesto pedindo justiça pela jovem que estava sendo hostilizada.

A manifestação foi nesta sexta-feira (31) na frente do Colégio Estadual Flávio Ribeiro de Rezende, que fica no bairro Balneário, onde o caso aconteceu na segunda-feira (27).

A Secretaria de Estado de Educação informou que a subsecretária de Planejamento e Ações Estratégicas, Myrian Medeiros, foi enviada ao colégio nesta sexta para tomar todas as providências para que “casos como esse não se repitam”. A secretaria ainda reforçou a importância das pessoas não compartilharem o vídeo, em atenção ao Estatuto da Criança e ao Adolescente.

Nas imagens que circulam na internet, é possível ver a vítima sentada enquanto uma aluna implica com ela, tenta puxar o cabelo e a xinga. Durante a ação, outras estudantes que estão em volta riem incitando o bullying e gravam o momento com os celulares.

A vítima, constrangida, começa a chorar e as outras meninas dizem: “chora! chora, bebê”.

A família da vítima não quis gravar entrevista, mas disse ao g1 e disse que só tomou conhecimento do caso nesta quinta-feira (30). A menina tem 11 anos e vive na zona rural da cidade. Ela faz acompanhamento especializado por conta do transtorno do espectro autista em um centro especializado neste tipo de tratamento.

Durante o protesto, estudantes e outras pessoas gritavam palavras pedindo justiça e seguravam cartazes com dizeres como “Diga não ao bullying” e “o preconceito pode ser evitado”.

Agora, por conta do episódio ocorrido na escola, ela também está sendo acompanhada pelo setor de psicologia do Conselho Tutelar da cidade.

O Conselho informou que uma reunião com a direção do Colégio e com os responsáveis dos adolescentes envolvidos foi realizada e que um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia.

Pedidos de desculpa

Após a repercussão, os pais da jovem que aparece praticando o bullying divulgaram um vídeo, pedindo desculpas pelo ocorrido e dizendo que não concordam com a atitude da filha. Eles afirmam que querem se desculpar pessoalmente com a vítima.

“Eu, no lugar de pai, já estou indignado com isso, imagino [que] vocês também. Eu peço desculpas a todo mundo, à família da menina. Vou fazer um vídeo, vou lá na casa da menina. Só não fui ainda porque não passaram o endereço, porque não pode passar o endereço. Mas eu vou atrás porque eu sei que minha filha errou. Eu já corrigi ela, vou tá corrigindo e explicando mais e mais que isso é errado e isso não pode. Eu sei que isso é disciplina e os pais que têm que falar isso, mas eu falo. Eu explico pra ela o que é errado e o que é certo. Peço que vocês me perdoem e os pais da menina, mas eu vou lá pedir desculpa a ela de frente”, disse o pai.

A mãe da jovem que atacou a colega também falou sobre o ocorrido.

“Nós sempre ensinamos a ela que não tem que falar dos outros porque ninguém é melhor do que ninguém. Nós todos temos o mesmo sangue. Deus fez a gente do mesmo jeito. Nós somos todos filhos de Deus”.

A mãe finaliza dizendo que depois da divulgação dos vídeos ela e a família têm recebido muitas mensagens de pessoas criticando a atitude da filha.

“Foi jogado na internet e agora nós não temos paz porque é mensagem toda hora. Pedimos desculpa a todas as pessoas porque educação nós damos. Conversamos todos os dias com ela e com nosso outro menino. E eu não tô dizendo que ela tá certa não. Essa atitude dela está errada porque ela não é melhor do que ninguém. E se tiver que pagar pelos erros dela nós paga”, conclui.

O que diz o Estado?

O Governo do Estado, responsável pela unidade onde o caso aconteceu, informou que ações para promover uma cultura de paz serão intensificadas a partir da próxima semana. E disse que, na terça-feira, dia seguinte ao ocorrido, a direção da escola já havia programado fazer com o Conselho Tutelar um evento para discutir bullying na rede escolar.

Nesta sexta-feira, o governador Claudio Castro publicou em uma rede social falando sobre o ocorrido e disse que, assim que tomou conhecimento do caso, tomou as providências necessárias.

Confira a nota do estado na íntegra:

“A Secretaria de Estado de Educação repudia de forma veemente casos de bullying. Em relação ao triste episódio ocorrido no Colégio Estadual Flávio Ribeiro de Resende, em Natividade, a subsecretária de Planejamento e Ações Estratégicas, Myrian Medeiros, responsável pela Superintendência de Projetos para Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação, está hoje na unidade para tomar todas as providências para que casos como esse não se repitam.

– O respeito é fundamental dentro e fora das salas de aula. Determinei a professora Myrian que fosse a Natividade para tomar todas as providências para o acolhimento da aluna que sofreu bullying, conversasse com a direção e com os pais e as crianças da escola – explicou a secretária de Estado de Educação, Roberta Barreto.

A direção do colégio já enviou professora e psicóloga à casa da criança vítima de bullying. E profissionais do colégio também conversaram com as estudantes que praticaram o ato e os seus respectivos pais. E integrantes do Conselho Tutelar também foram acionados e medidas protetivas às alunas do colégio foram e continuarão a ser adotadas.

Segundo a professora Myrian, ações que promovam uma cultura de paz serão intensificadas a partir da próxima semana. Na terça-feira, por exemplo, a direção da escola já havia programado fazer com o Conselho Tutelar um evento para discutir bullying na rede escolar.

A Seeduc-RJ destaca, ainda, a importância das pessoas não compartilharem o vídeo, em atenção ao Estatuto da Criança e ao Adolescente”.

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Por Rodrigo Marinho, Amanda Ribeiro e Lilia Bustilho, g1 — Norte Fluminense

31/03/2023 18h23  

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