quinta-feira, maio 2, 2024

Mãe entra na Justiça após filho autista ser rejeitado por escolas

Uma mãe faz de tudo por um filho, briga e vai à luta, principalmente quando vê uma injustiça. Esse foi o caso de Keyla Zavareze Leonor, 31, mãe de Bento, 5. O que era para ser uma simples matrícula em uma escola nova se tornou uma jornada por justiça e oportunidades iguais. O motivo: Bento tem autismo e foi rejeitado por duas escolas particulares de Cuiabá.

 

O transtorno do espectro autista (TEA) é um nome utilizado para designar desordens no desenvolvimento neurológico presentes desde o nascimento ou começo da infância. Desde a lei 12.764/2012, a pessoa com espectro autista é considerada pessoa com deficiência e tem direito, caso comprovada a necessidade, de um acompanhante especializado na escola.

Keyla e marido Nelson moravam em Sinop (500 km ao norte da Capital) e se mudaram recentemente para Cuiabá. Entre as atividades da mudança estava encontrar uma nova escola para Bento. O que parecia ser uma ação corriqueira acabou se tornando uma briga por justiça. Ela teve o pedido de matrícula negado em duas escolas particulares após informar que o filho era autista – antes de falar sobre o diagnóstico, as vagas foram oferecidas sem problema.

Keyla Zavareze Leonor autismo“Sou de Sinop e lá estava tranquilo. Aqui houve essa dificuldade, quando falava do laudo não tinha mais vaga. Jamais imaginei que isso fosse acontecer. É terrível, fiquei sem reação, só sabia chorar”, conta a mãe.

 

Para ter certeza de que o problema não era vaga, Keyla pediu que uma amiga perguntasse sobre vagas para o 1º ano do ensino fundamental em uma das escolas que negou a matrícula ao filho. “Minha amiga pediu 3 vagas e falaram que tinha, mas perguntaram se não tinha criança especial”.

 

As dificuldades colocadas pelas escolas ocorrem muitas vezes por causa da contratação de um professor auxiliar que deve acompanhar o aluno autista, mesmo nos que tem um autismo leve, como o filho de Keyla.

 

“A lei não fala em limite por escola. Fala que se o aluno tem o laudo, é obrigado a dar o auxiliar para a criança”, explica Keyla. A história dela chegou a outras mães através de um desabafo no Facebook após passar por “inferno” após ver o filho ser rejeitado pelas escolas.

 

Reprodução/Facebook

Keyla Zavareze Leonor autismo

Nas redes sociais ela encontrou o apoio de outras mães que passaram pela mesma situação. “Muitas pessoas mães vieram me ajudar, tiveram empatia e me indicaram escolas que acolheram os filhos delas. Se fala muito de inclusão, mas é muito bom na teoria, na prática é diferente”.

 

Apesar do episódio triste, ela encontrou uma escola para matricular o filho e nela o amparo para tirar dúvidas e também sobre o acompanhamento do desenvolvimento de Bento. Mesmo assim, ela irá levar adiante o processo contra as escolas que negaram a matrícula, para que outras crianças não precisem passar pela mesma situação.

 

“Eu não queria processar, gastar energia. Mas decidi entrar com uma ação porque a lei diz que isso não pode acontecer. Não é pelo dinheiro, é para que o caso fique conhecido e outros pais vão saber que eles têm direito à vaga”, conta Keyla.

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