quinta-feira, novembro 21, 2024

Menino de 12 anos autista sofre Bullying e ameaças em escola de Florianópolis

A mãe encontrou ameaças de morte contra o menino em um grupo de aplicativo de mensagens

A Polícia Civil de Santa Catarina informou que vai instaurar um procedimento para apurar o caso de bullying e ameaças contra uma criança autista, de 12 anos, em uma escola pública de Florianópolis. A investigação será feita pela Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso da Capital (DPCAMI).

Segundo a mãe, ela encontrou ameaças de morte contra o menino, que tem transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), em um grupo de aplicativo de mensagens. Ela ainda pede que o filho tenha um professor auxiliar e entrou com um pedido na Defensoria Pública. Segundo ela, o órgão respondeu que solicitou o profissional à prefeitura.

A administração municipal, por sua vez, disse em nota que o estudante possui um ótimo desenvolvimento cognitivo e que ele não precisa de adequações pedagógicas e de acessibilidade nas atividades.

De acordo com a mãe, a criança, que está na sexta série, não vai à escola há quase um mês devido aos casos de bullying e ameaças. Ela conta que, nos quatro primeiros anos, ele estudava em outra escola. Ele mudou de unidade escolar em 2023, após conseguir uma vaga no local.

— Ele tinha uma professora maravilhosa. Então não foi preciso professor auxiliar porque ela estava em tudo. E ela dizia: “na minha aula não tem bullying”. Ela é uma professora maravilhosa. A professora me disse: “olha, para o ano que vem eu acho que ele vai precisar de um professor auxiliar porque vão ser muitas matérias, vai ser aquele entra e sai — diz.

Entretanto, segundo a mãe, o bullying ocorre e o filho tem dificuldades com a situação. O menino se sai bem academicamente, mas enfrenta desafios na socialização.

Em uma situação que aconteceu em um aplicativo de mensagem, o menino chega a ser ameaçado por outros colegas da escola.

— Ele [filho] fez um monte de publicações, que ele gosta, no grupo e o cara diz assim para ele: “por que tu não te matas?”. Mandou ele se matar — conta a mãe.

Outras publicações nesse mesmo grupo trazem ameaças ao menino. Em uma delas, um colega dele diz “Se alguém sabe onde o [aluno] mora, dá para ameaçar”. Em outra, o mesmo colega vai além: “Bora matar o [aluno]? Traz coisas leves. Um pedaço de pau grande talvez”.

O filho também já foi agredido fisicamente por esse mesmo colega, diz a mãe. A situação começou após esse aluno debochar do menino em uma aula de educação física.

— Ele tem dificuldade de motricidade grossa. E ele não gosta que debocham dele, porque ele não entende — conta a mãe.

O filho, então, planejou uma forma de retaliação aos deboches.

— Ele [filho] não tem muita noção do medo, perigo, ele não tem essa noção. Na hora da saída, o [filho] botou cola no cabelo do menino na frente de todo mundo. Ninguém entendeu nada. Não sabiam que o garoto tinha incomodado ele na hora da educação física. Aí, os colegas ficaram muito indignados — diz.

Quando foi buscá-lo, a mãe foi avisada por duas colegas da sala que o filho dela era, então, agredido:

— Eu estava no carro esperando e aí saíram duas coleguinhas correndo e me dizem ‘a senhora é a mãe do [nome do menino]’. Eu digo que sim. ‘Tem um menino batendo nele’. Eu saí correndo. Quando eu chego, eles estavam os dois na secretaria.

Depois desse caso, a mãe fez um boletim de ocorrência. Foram dois no total. O outro relata as ameaças no aplicativo de mensagens.

O que diz a prefeitura

“De acordo com análises das professoras de Educação Especial que atuam no AEE (Atendimento Educacional Especializado) , da equipe pedagógica e da direção da unidade educativa, [aluno] é um estudante que realiza com autonomia atividades de autocuidado, como higiene e alimentação, locomove-se com independência pelo espaço escolar, e utiliza linguagem oral para comunicação.

É um estudante participativo, expressa suas opiniões acerca de diversos assuntos, é criativo, comunicativo e questionador. O estudante possui um ótimo desenvolvimento cognitivo em todas as disciplinas, não apresenta dificuldades na aquisição dos conhecimentos relativos aos conceitos que lhe são apresentados, assimilando-os muito bem e realizando as atividades que são propostas com êxito.

Os professores relatam que [aluno] não encontra barreiras na metodologia pedagógica utilizada e não precisa de adequações pedagógicas/acessibilidade nas atividades, pois consegue acompanhar o conteúdo que é proposto.

Assim sendo, não apresenta necessidade até o momento de Professor Auxiliar de Educação Especial”

 

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Com informações NSC.
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