sábado, abril 20, 2024

Exposição descontrolada torna jovens vulneráveis a criminosos

A tecnologia que conecta pessoas por meio da internet e suas redes sociais pode causar dor de cabeça aos pais, professores e pedagogos. Episódios envolvendo bullying virtual, difamação e a vingança erótica, conhecida como sexting, tem ganhado espaço entre os jovens e adolescentes. O A VOZ DA CIDADE conversou com o delegado adjunto da 93ª Delegacia de Polícia de Volta Redonda, Marcelo Russo, sobre as necessidades de se usar corretamente a internet, principalmente sobre o consumismo dos jovens; e também com uma família que passou pelo problema, sendo ameaçada com registro íntimo de uma menor.

De acordo com o psicólogo e diretor de Educação da Organização não Governamental (ONG) SaferNet, Rodrigo Nejm, o vazamento de conteúdo íntimo tem superado, em volume, casos registrados em comparação aos episódios de cyberbullying, nos últimos dois anos.

A ONG registrou, no ano passado, 322 atendimentos em seu canal de ajuda sobre situações envolvendo o chamado sexting, quando jovens e adolescentes trocam imagens de si mesmos (com pouca roupa ou nus) e mensagens de texto eróticas.

Com relação ao ciberbullying, a SaferNet registrou 265 pedidos de ajuda. Em 2014, a SaferNet computou 224 atendimentos por sexting e 177 por ciberbullying. Para o especialista, os números são pequenos diante da realidade, mas expressam um ‘termômetro’ da atual realidade do país.

O delegado Marcelo Russo explica que os adolescentes se apropriam da internet com uma sensação de poder e anonimato, achando que aquilo que ele está fazendo está protegido, que não tem consequências.

“Mesmo que conheçam o perigo, na hora da brincadeira, do namoro, se expõem muito mais a essas situações na rede”, disse Russo. “A internet é um ambiente público, que na verdade é uma extensão da vida social das pessoas. Qualquer coisa postada toma conhecimento. Os jovens têm uma falsa sensação de obscuridade, mas é mentira”, aponta o delegado, reforçando que tudo o que não é feito na vida pública, não pode ser feito na internet. “Você não fala com estranhos por aí na rua, assim deve ser feito na rede”, citou.

FAMÍLIA

Um casal de Resende, que prefere não se identificar, até hoje passa por constrangimento com fotos publicadas de sua filha na internet. “Ela tinha um namorado e passava imagens íntimas para ele, sem o nosso conhecimento. Depois que terminaram, ele compartilhou os arquivos com os amigos e isso foi viralizando”, contou o pai. “Não foi provada até hoje sua culpa e minha filha é alvo de deboche e piada na escola, quase dois anos depois do episódio”, expôs.

A mãe da jovem, que hoje tem 17 anos, diz que a filha teve que passar por ajuda psicológica e o convívio mudou. “Sempre confiei, mas hoje em dia eu até a sigo se for preciso. Olho suas redes sociais e tenho senha e acesso a tudo. Nunca pensamos passar por isso e se depender de nós isso nunca volta a acontecer”, descreveu a mãe.

O QUE FAZER

Muitos desses criminosos fazem uma falsa amizade com o jovem, colhendo também dados e informações da família, da casa. “Nas imagens e vídeos eles observam os imóveis e possíveis objetos de valor e depois cometem crime”, narra o delegado.

“Os pais devem ficar atento ao comportamento dos filhos, ter mais diálogo e impor regras e horários para o uso da internet. Caso encontre qualquer conversa, bloqueie e procure a polícia”, mencionou, completando que as penas são variadas, de um a quatro anos. Existem vários crimes: contra honra, ameaça, assédio, crime sexual, entre outros. “Há uma gama imensa de delitos e a pena varia com o caso”, finaliza Marcelo Russo.

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