segunda-feira, abril 29, 2024

Dia Nacional de Combate ao Bullying: “Só é brincadeira se os dois estiverem se divertindo”

“O bullying a gente sabe que ele deixa marcas para uma vida toda. E é muito importante que esses conflitos sejam resolvidos exatamente no período em que eles acontecem, para que não gerem consequências futuras.” Assim destacou a assistente social e neuropsicopedagoga, Luziane Firmino, que atua no Serviço de Orientação Educacional e Psicossocial (SOEP) da Coordenadoria dos Colégios da Polícia Militar do Ceará (CCPM). Neste domingo, 7 de abril, é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola.

Nesta data, que não é comemorativa, mas que visa chamar atenção da população para a problemática, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) traz a vivência e o relacionamento de alunos do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros Escritora Rachel de Queiroz (CMCB) e do 1º Colégio da Polícia Militar General Edgard Facó (1º CPMGEF). Para este texto, conversamos com os alunos Ana Luiza, de 15 anos, e Sérgio Soares, de 16 anos, que estão, respectivamente, no 1º ano e no 2º ano do ensino médio, do Colégio do CBMCE, e com os alunos Gustavo Lima, de 16 anos, e Eduarda Lima, de 15 anos, ambos do 2º ano do ensino médio, do 1º Colégio da Polícia Militar General Edgard Facó (1º CPMGEF).

Quando perguntado sobre o relacionamento com os alunos que não costumam se socializar facilmente com os outros, Sérgio Soares, que estuda no Colégio Militar do Corpo de Bombeiros, afirmou que busca sempre fazer amizades com todos. “Eu sou uma pessoa muito extrovertida, então eu tenho amigos que são mais introvertidos, que eu só fiz amizades com eles porque eu sempre estava lá conversando, brincando e tal. E eu gosto muito de conversar. O colégio todo me conhece e sabe que eu gosto de conversar, gosto de brincar. E às vezes eu vejo uma pessoa ali mais excluída, mesmo que eu não tenha intimidade com ela, eu gosto de perguntar como é que ela está e como é que foi a aula”, destacou Sérgio.

“Aqui nós somos muito estimulados desde sempre – eu, particularmente, estudo aqui há dez anos – a tentar ter uma melhor relação com os outros alunos. Até mesmo aquelas pessoas que conversam menos, a gente tenta se aproximar delas, para não deixá-las tristes. Os monitores são nossos amigos. Os professores são muito tranquilos também com a gente. Alguns até falam que querem ao máximo tirar aquele negócio de que eles são bicho-papões e tentam ser nossos amigos para deixar o clima mais leve. Apesar de que eles tenham que cobrar, eles também possam ajudar a gente”, concluiu o aluno Sérgio Soares, do colégio do CBMCE.

Semana de adaptação nos colégios

Em ambos os colégios, é realizado um período de adaptação para os alunos novatos. O período de adaptação é realizado tanto com os alunos que chegam de uma escola regular e estão tendo a primeira experiência em uma escola militar, ou aqueles que vêm de outra escola militar e precisam se adaptar aos novos colegas.

“Antes deles se engajarem com a escola, com a ajuda da turma, temos um período que chama Semana de Adaptação, que são três dias que os monitores e alguns alunos têm para ensinar aos novatos a Ordem Unida, para que eles conheçam a escola e se misturarem com alguns alunos que vêm para auxiliar. Eles aprendem muito sobre como funciona o regulamento da escola, e é um momento que a gente fica muito ansioso para que chegue logo, pois como é uma escola militar, é um mundo novo”, ressaltou Eduarda Brito, aluna do colégio da PMCE.

“Esse ano, praticamente no primeiro ano, entraram muitos novatos na minha sala e eu imagino o quanto deve ser difícil para eles que não estão acostumados a esse ciclo que a gente tem. Eu fico imaginando como deve ser difícil para eles chegarem em um ambiente novo, um ambiente onde eles não estão acostumados, então desde o primeiro dia na sala com os novatos, eu tento ao máximo me enturmar com todos e conversar, porque não é um ambiente que eles estão acostumados todo dia, eles não vão chegar como se eles já conhecessem todo mundo e eu acho muito importante a gente ter a iniciativa de chegar para conversar com eles, para dizer que eles estão em casa, que é a nova escola deles e que estamos de braços abertos para recebê-los”, pontuou Ana Luiza, do colégio Rachel de Queiroz, do CBMCE.

Gustavo entende perfeitamente como é passar pela adaptação vindo de uma escola regular para uma escola militar. “É uma ansiedade que a gente sempre sente – nós dois (Gustavo e Eduarda) entramos faz três anos – e é sempre aquela ansiedade de como é que vai ser as coisas novas. É outro mundo. Eu estudava em escola privada, depois de vir pra cá eu vi que é um universo muito diferente, e com o tempo a gente vai aprendendo, tanto o regulamento, como o funcionamento da escola. Principalmente a disciplina, a ordem, o respeito, que são o nosso lema”, destacou o aluno do colégio da Polícia Militar.

Relacionamento com alunos de várias idades

Em ambos os colégios, a faixa etária dos alunos é ampla. Indo de séries infantis até turmas do ensino médico, com alunos que estão na fase preparatória para a universidade. Quando perguntada sobre o convívio com os pequeninos, Eduarda afirmou ser mais difícil controlá-los, mas com o respeito entre todos, tudo se resolve. “Como eles são muito pequenos, nós temos que, querendo ou não, dar exemplo para eles da maneira que a gente se comporta. A gente chega lá no fundamental e, como nós, eles também têm que entrar em forma. E eles têm muita dificuldade porque eles são muito pequenos, eles conversam muito, eles brincam muito entre eles. E a gente tem que prestar atenção, para passar para ele os avisos importantes”, destacou a aluna.

E é, de uma certa forma, muito engraçado ver a maneira que eles lidam com as coisas comparado com a maneira que a gente lida. Nós (das séries mais avançadas) vemos eles se moldando, aprendendo a ter uma disciplina, crescendo, passando pelos monitores e prestando continência, e vemos como eles lidam com os amiguinhos também”, concluiu Eduarda.

Orientação educacional especializada

Nas escolas da Polícia Militar do Ceará (PMCE) e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) existem setores direcionados para o atendimento psicológico aos alunos. O Serviço de Orientação Educacional e Psicossocial (SOEP), que atende em todos os colégios da Polícia Militar, tem como proposta acompanhar os discentes, de modo a estabelecer um vínculo de confiança auxiliando-os na promoção da sua formação intelectual, emocional, cultural, agindo no seu desenvolvimento como ser humano e sujeito social. Nos colégios de Fortaleza, Juazeiro do Norte, Maracanaú e Sobral, existem núcleos da SOEP que realizam serviços no campo psicossocial, com a qualidade e o cuidado necessários. No colégio do Corpo de Bombeiro, existe o Serviço de Orientação Educacional (SOE), que também é responsável pelo atendimento psicológico aos alunos.

“Cada colégio tem o núcleo do SOEP, que é composto por assistentes sociais, psicólogos e psicopedagogos. Dentro deles são trabalhadas questões relacionadas ao bullying, mas também a outras demandas, que inclusive, podem gerar bullying, que são as deficiências, as limitações, as dificuldades de aprendizagem. Então, tudo isso, ele passa por essa peneira do SOEP, passa por uma intervenção técnica, profissional”, concluiu a assistente social, Luziane Firmino.

Além do atendimento aos alunos em casos de bullying na escola, o Serviço de Orientação Educacional e Psicossocial (SOEP) também realiza palestras e momentos em salas de aula para repassar orientações aos alunos, como uma medida de evitar práticas de bullying ou que para algum aluno que esteja passando por alguma situação, possa procurar o serviço e ter o devido atendimento.

“No SOEP (Serviço de Orientação Educacional e Psicossocial) a gente conta com assistente social e psicólogos também. Quanto à questão do bullying, às vezes o aluno reconhece que ele está passando por essa situação, e às vezes ele mesmo toma a iniciativa para ir até o serviço, conversar com as assistentes sociais, com alguma autoridade. E às vezes já aconteceu de um assistente social ir conversar com os alunos na sala de aula pra conseguir entender de onde isso tá saindo pra tentar combater”, afirmou a aluna Eduarda Brito.

Combate ao bullying pelas Forças de Segurança do Ceará

Além do empenho e ações de combate ao bullying nos colégios do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar do Ceará, as Forças de Segurança da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) possuem unidades especializadas que atuam no contexto do combate à violência nas escolas.

A Divisão de Proteção ao Estudante (Dipre), vinculado ao Departamento de Polícia Especializada (DPE) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), tem a missão de desenvolver ações preventivas de combate a violência e do uso indevido de drogas, disseminando conhecimento científico e ético para a promoção de uma sociedade pacífica e solidária buscando, como órgão da Polícia Civil, contribuir com uma melhor qualidade de vida na sociedade cearense.

A Polícia Militar do Ceará (PMCE) conta com o Batalhão de Policiamento de Prevenção Especializada (BPESP), que realiza ações e trabalhos educativos em escolas na Capital e interior do Estado, como forma de aproximação com a comunidade estudantil, por meio do Grupo de Segurança Escolar (GSE).

Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola

O Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, celebrado no dia 7 de abril, foi instituído pelo Governo Federal em 2016, com a Lei 13.277, como iniciativa para discutir sobre os problemas causados pelo bullying. A data foi escolhida em referência ao fato ocorrido em Realengo (RJ), cinco anos antes.

DestaquePolítica