sexta-feira, abril 19, 2024

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Uma em cada seis crianças são vítimas de cyberbullying, revela estudo da OMS

Número de casos de bullying escolar permanece estável ​​desde 2018, mas a prática nos ambientes virtuais aumentou

O segundo volume do estudo Health Behavior in School-aged Children (HBSC), em tradução livre, “Comportamento Saudável em Crianças em Idade Escolar”, da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa, revela que 15% dos adolescentes (cerca de 1 em cada 6) sofreram cyberbullying. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (27).

O estudo investiga os padrões de bullying e violência entre crianças e adolescentes em 44 países e regiões. Embora as tendências gerais do bullying escolar tenham permanecido estáveis ​​desde 2018, o cyberbullying aumentou, intensificado pelo crescimento de jovens com acesso às tecnologias. Dos adolescentes consultados, 15% dos que relataram já sofrer com bullying eram meninos e 16% eram meninas.

Em relação às denúncias, cerca de 12% (1 em cada 8) dos adolescentes consultados relatam cyberbullying contra outras pessoas. Os meninos (14%) são mais propensos a denunciar o cyberbullying do que as meninas (9%). Brigas físicas foram vivenciadas por 1 a cada 10 adolescentes, a maior parte deles eram meninos (14%) e 6% eram meninas.

“O mundo digital, ao mesmo tempo que oferece oportunidades incríveis de aprendizagem e conexão, também amplifica desafios como o cyberbullying. Isto exige estratégias abrangentes para proteger o bem-estar mental e emocional dos nossos jovens. É crucial que os governos, as escolas e as famílias colaborem na abordagem dos riscos online, garantindo que os adolescentes tenham ambientes seguros e de apoio onde possam prosperar”, enfatizou a Dra. Joanna Inchley, Coordenadora Internacional do estudo HBSC.

“Este relatório é um alerta para todos nós denunciarmos o bullying e a violência, quando e onde quer que aconteçam”, afirmou o Dr. Hans Henri P. Kluge, Diretor Regional da OMS para a Europa”.

Para Kluge, tomar medidas para proteger as crianças é uma questão de saúde e de direitos humanos. “Mesmo pequenas mudanças nas taxas de bullying e violência podem ter implicações profundas para a saúde e o bem-estar de milhares de pessoas. Da automutilação ao suicídio, vimos como o cyberbullying em todas as suas formas pode devastar a vida de jovens e suas famílias”, alertou.

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Alerta ligado contra o bullying nas escolas do Distrito Federal

Dados do IBGE apontam que um a cada cinco estudantes do DF sofreu algum tipo de humilhação ou provocação

O bullying pode afetar, significativamente, o bem-estar e o desenvolvimento das crianças, de acordo com especialistas. Dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, no Distrito Federal, em 2019, 21,8% dos estudantes entre 13 e 17 anos, tanto de escolas públicas quanto de particulares, sofreram algum tipo de humilhação ou provocação por parte dos colegas, duas ou mais vezes — o percentual sobe para 22,1% quando se contabiliza apenas a rede pública e cai para 20,8% no recorte das instituições privadas. O cenário é tão grave que, desde 15 de janeiro deste ano, praticar bullying e cyberbullying vira crime (leia O que diz a lei?).

No início do mês, um adolescente de 15 anos que estuda no Centro Educacional São José, em São Sebastião, feriu colegas e professores da instituição de ensino. Durante o interrogatório prestado na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), o menor confessou o crime e disse que sofria bullying em razão da aparência física e relatou que era xingado frequentemente.

A autônoma W.F., 30 anos, conta que seu filho, 10, foi vítima de bullying por causa de seu aspecto emocional, desde 2021, em uma escola pública do Setor O. “Todas as vezes que ele fazia uma atividade, ele se sentia mal por não acertar e acabava chorando. Por isso, ele era zombado. Alguns alunos ficavam rindo dele, em grupos. Falando: ‘Vai chorar de novo?’; ‘Só consegue fazer as coisas chorando’; ‘vai lá chorar para sua mãe’. Esse tipo de zombaria”, relata.

Segundo W.F., isso mexeu com o filho ao ponto de ele pedir para não ir à escola. “Tinha medo, pois, se fosse, sabia que ia chorar”, comenta. Ela teve que mudar o filho de escola, em 2022, matriculando em outra escola pública, em Ceilândia. Mesmo assim, o bullying continuou. “Achava que o problema era a escola, mas acabei percebendo que é uma questão de cultura”, lamenta. A moradora de Ceilândia afirma que as coisas só mudaram no ano passado, quando ela foi até a escola. “Foi preciso conversar com a professora e ir atrás das pessoas que estavam fazendo aquele tipo de zombaria, para ele ter vontade de continuar naquele ambiente”, conta a mãe.

“A professora da criança chegou a fazer um projeto sobre bullying. Isso fez com que o problema amenizasse dentro dos muros da escola”, elogia. Só que, de acordo com W.F., a questão continuou fora da escola. “Se encontram com ele na rua, ainda tem gente que zoa e fica jogando piada. Ele acha que não consegue fazer amigos por causa disso”, lamenta a mãe.

A autônoma desabafa que se sente impotente em relação ao problema. “A gente não tem controle de tudo. A minha parte eu fiz, falei para ele não se importar com aquilo, mas, é muito difícil, porque não basta eu orientar, se a educação que vem de outras pessoas não está fluindo”, ressalta. “Por mais que a escola fale, explique e tenha trabalhos referentes ao tema, a constância vindo da família, às vezes, não acontece. Sinto que falta, no núcleo familiar, essa questão de intervir, de conversar e de orientar”, avalia.

Traumas

Isabella Cerqueira, 19, também foi vítima de bullying, ainda criança, enquanto cursava o ensino médio em uma escola particular no Riacho Fundo, em 2012. “Elefante colorido”, “botijão com roupinha” e “boizão” foram alguns dos insultos que ela recebeu de um grupo de meninos, devido ao seu peso. A mãe dela estava internada, por causa de uma gravidez de risco e, segundo Isabella, essa mudança de aparência foi uma reação negativa à falta que sentia da mãe.

Mais tarde, os insultos se tornaram violência. “Chegou a acontecer de eles me baterem. Jogaram vários livros na minha cabeça e me empurraram na parede”, narra Isabella. O mesmo grupo também fez piada da morte do irmão-bebê, que não resistiu à gravidez de risco. A vítima conta que desenvolveu ansiedade e depressão.

Segundo Isabella, o processo de superação não foi fácil. “Foi quando comecei a crescer, mas, mesmo assim, não me via como o padrão das meninas que eu tinha contato. Certa vez, entrei em depressão profunda, após o término de um relacionamento, e emagreci 18kg”, recorda. “Depois dessa fase de sofrimento, passei a me olhar no espelho e me sentir maravilhosa. Só conseguia pensar que eu venci a pior fase da minha vida. Hoje, me sinto realizada com o corpo que tenho, mas foi muita luta para chegar até aqui”, descreve.

Sinais

Professor de medicina do Ceub, o psiquiatra Lucas Benevides afirma que o bullying é um problema grave, que pode afetar significativamente o bem-estar e o desenvolvimento das crianças. “Pode levar a sentimentos de tristeza, ansiedade, baixa autoestima e, em casos graves, a pensamentos suicidas”, alerta. “A criança também pode se isolar, ter dificuldades em fazer ou manter amizades, e desenvolver desconfiança em relação aos outros”, acrescenta.

Benevides reforça que o lado cognitivo da criança e do adolescente também é afetado. “O desempenho escolar pode cair, com possíveis notas baixas e desinteresse pelos estudos. Além disso, o estresse crônico, causado pelo bullying, pode resultar em problemas de saúde física, como dores de cabeça, distúrbios do sono e problemas digestivos”, detalha.

De acordo com o psiquiatra, no caso de algum desses sinais, os pais desempenham um papel fundamental no apoio à criança. “Mostre que você está lá para ouvir e acredite no que seu filho está dizendo. Validar seus sentimentos é fundamental”, aconselha. “Ofereça conforto, assegure que seu filho não está sozinho e que o bullying não é culpa dele”, orienta.

O especialista ressalta a necessidade de comunicar os casos de bullying à escola. “Entre em contato com a unidade para informar sobre a situação e trabalhar em conjunto para encontrar soluções. É importante que a escola tome medidas para prevenir e combater o bullying”, afirma. “Além disso, ajude seu filho a desenvolver formas de lidar com o bullying, como técnicas de assertividade, ignorar provocações, e buscar apoio de amigos ou adultos de confiança”, assinala Benevides.

Diálogo

Especialista e também gerente em educação, o pedagogo Renato Domingues lamenta que o bullying nas escolas seja um assunto do que, normalmente, pais, unidades de ensino, educadores e até as próprias crianças e adolescentes preferem fugir ou deixar de lado. “É um tema delicado de ser tratado e, muitas vezes, mesmo com um grau de importância tão relevante, as pessoas preferem fazer de conta que nada está acontecendo”, comenta. “Isso corrobora mais ainda para que o bullying se perpetue ou acabe iniciando em alguns ambientes de ensino”, observa Domingues.

De acordo com o pedagogo, o poder público deve falar mais sobre esse assunto com escolas e famílias. “É preciso conscientizar, tanto aqueles que praticam o bullying, sobre o problema de se fazê-lo, quanto quem sofre, falando quantas alternativas ele tem e o que ele pode fazer em situações como essa”, ressalta. “Também pode-se conversar com o terceiro, que é o espectador passivo que, normalmente, está assistindo o colega sofrer bullying e nada faz para coibir”, enfatiza.

Para Domingues, as escolas e o poder público também podem trabalhar com a inteligência emocional. “Quando um aluno agride alguém com o bullying, significa que ele tem, emocionalmente falando, traumas que não resolveu. E uma forma de ele se ver livre desse trauma é fazendo bullying com outro”, explica. “Ao mesmo tempo, aquele que sofre com a prática, conhecendo a si mesmo, suas emoções e seus limites, o bullying não vai afetá-lo”, conclui.

Ações

Apesar dos impactos negativos para o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, a Secretaria de Educação (SEEDF) não tem nenhum levantamento sobre o número de casos ocorridos na rede pública. Os dados mais recentes consolidados pela pasta, do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), apontam que 84% dos diretores, em 2019, tinham algum projeto voltado para o bullying na escola gerida por eles. Como só recentemente a prática virou crime, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) também não tem informações consolidadas. Os dados de 2024 serão colhidos ao longo do ano pelo IBGE e divulgados no ano que vem.

Ao Correio, a chefe da Assessoria Especial pela Paz nas Escolas da SEEDF, Ana Beatriz Goldstein, afirma que a pasta desenvolve ações com vistas a promover a paz, a cidadania, a solidariedade, a tolerância e o respeito ao pluralismo e à diversidade nas unidades escolares da rede pública de ensino do DF. “Temos atividades com os professores, como oficinas, palestras e formações que são promovidas pela Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação (Eape), ao mesmo tempo em que preparamos esses profissionais para o entendimento dos aspectos que envolvem o combate ao bullying e ao cyberbullying”, ressalta.

De acordo com Ana Beatriz, a Secretaria de Educação disponibilizou no início do ano para todas as escolas da rede o Guia de Valorização da Vida — Orientações e prevenção ao bullying, automutilação e suicídio na escola. “O documento visa promover ações pedagógicas, debates e reflexões com os profissionais da secretaria, relacionadas ao bullying, suicídio e automutilação”, detalha.

“A ideia do documento é orientar os profissionais para além de uma ótica remediativa e punitiva, visando refletir de que forma podemos trabalhar no cotidiano da escola de maneira preventiva, alinhando propostas de ações que contribuam para a formação e para o desenvolvimento integral dos estudantes, famílias e comunidade escolar”, acrescenta Ana Beatriz.

Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), Ana Elisa Dumont reconhece a gravidade do bullying nas escolas do DF e reitera o compromisso em combater essa prática. “Trabalhamos em estreita colaboração com as escolas associadas, educadores, pais e autoridades locais para promover uma cultura escolar de respeito e inclusão, implementar políticas e procedimentos claros para lidar com o tema e fornecer apoio adequado para vítimas e agressores”, comenta.

Ana Elisa acredita que, juntos, é possível criar um ambiente escolar seguro e positivo para todos os alunos. “O Sinepe-DF tem realizado diversas ações em parceria com o Batalhão Escolar, Polícia Militar e Secretaria de Segurança, por considerarmos que o ambiente escolar é um espaço de desenvolvimento e acolhimento dos estudantes. Estamos empenhados em prevenir o bullying e auxiliar os colaboradores da escola a identificar possíveis casos”, reforça.

A presidente ressalta a importância da educação socioemocional. “Por meio dela, fortalecemos nossos estudantes para lidar com situações adversas, seus sentimentos e atitudes”, afirma. “Destacamos que o tema foi abordado nos seminários para gestores realizados em 2022 e 2023, complementando os esforços no âmbito da segurança escolar”, conclui Ana Elisa.

 

O que diz a lei?

Bullying — Intimidar sistematicamente, individualmente ou em grupo, mediante violência física ou psicológica, uma ou mais pessoas, de modo intencional e repetitivo, sem motivação evidente, por meio de atos de intimidação, de humilhação ou de discriminação ou de ações verbais, morais, sexuais, sociais, psicológicas, físicas, materiais ou virtuais. Pena: multa, se a conduta não constituir crime mais grave;

Cyberbullying — Se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social, de aplicativos, de jogos on-line ou por qualquer outro meio ou ambiente digital, ou transmitida em tempo real. Pena: reclusão de dois anos a quatro anos e multa, se a conduta não constituir crime mais grave.

Fonte: Lei nº 14.811/2024

 

Prevenção

– O “Caderno Orientador – Convivência Escolar e Cultura de Paz”, que aborda as temáticas em questão, sendo suporte aos professores, gestores e demais profissionais da educação;

– “Fluxo de encaminhamento de estudantes com demandas de saúde mental e/ou dificuldades no desenvolvimento e aprendizagem”, que é uma parceria da Secretaria de Educação com a Secretaria de Saúde. O objetivo é que o atendimento seja integrado, garantindo a troca de informações entre as pastas;

– Orientação educacional em parceria com pedagogos e psicólogos escolares do Serviço Especializado de Apoio à Aprendizagem (SEAA), que atuam na prevenção, acolhimento, intervenção educacional e acompanhamento das situações relacionadas às de violências múltiplas, entre elas, o bullying. Nesse sentido, as equipes de apoio favorecem a promoção do desenvolvimento integral dos estudantes, bem como da promoção da cultura de paz junto à comunidade escolar.

Fonte: SEEDF

Principais tipos

Bullying físico

Agressão física direta, como bater, chutar, empurrar, ou qualquer forma de violência que cause dano físico;

 

Bullying verbal

Uso de palavras para humilhar, insultar, fazer piadas maldosas ou ameaçar a vítima;

 

Bullying psicológico ou emocional

Ações que causam dano emocional, como exclusão social, espalhar boatos, manipulação de amizades, ou qualquer outra forma que cause isolamento ou sofrimento psicológico;

 

Cyberbullying

Bullying praticado por meios eletrônicos, como redes sociais, mensagens de texto, e-mails, e outros. Pode incluir todos os tipos de bullying verbal e psicológico, mas realizado on-line.

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Fonte: Lucas Benevides, psiquiatra e professor de medicina do Ceub

*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

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Mãe entra na Justiça após filho autista ser rejeitado por escolas

Uma mãe faz de tudo por um filho, briga e vai à luta, principalmente quando vê uma injustiça. Esse foi o caso de Keyla Zavareze Leonor, 31, mãe de Bento, 5. O que era para ser uma simples matrícula em uma escola nova se tornou uma jornada por justiça e oportunidades iguais. O motivo: Bento tem autismo e foi rejeitado por duas escolas particulares de Cuiabá.

 

O transtorno do espectro autista (TEA) é um nome utilizado para designar desordens no desenvolvimento neurológico presentes desde o nascimento ou começo da infância. Desde a lei 12.764/2012, a pessoa com espectro autista é considerada pessoa com deficiência e tem direito, caso comprovada a necessidade, de um acompanhante especializado na escola.

Keyla e marido Nelson moravam em Sinop (500 km ao norte da Capital) e se mudaram recentemente para Cuiabá. Entre as atividades da mudança estava encontrar uma nova escola para Bento. O que parecia ser uma ação corriqueira acabou se tornando uma briga por justiça. Ela teve o pedido de matrícula negado em duas escolas particulares após informar que o filho era autista – antes de falar sobre o diagnóstico, as vagas foram oferecidas sem problema.

Keyla Zavareze Leonor autismo“Sou de Sinop e lá estava tranquilo. Aqui houve essa dificuldade, quando falava do laudo não tinha mais vaga. Jamais imaginei que isso fosse acontecer. É terrível, fiquei sem reação, só sabia chorar”, conta a mãe.

 

Para ter certeza de que o problema não era vaga, Keyla pediu que uma amiga perguntasse sobre vagas para o 1º ano do ensino fundamental em uma das escolas que negou a matrícula ao filho. “Minha amiga pediu 3 vagas e falaram que tinha, mas perguntaram se não tinha criança especial”.

 

As dificuldades colocadas pelas escolas ocorrem muitas vezes por causa da contratação de um professor auxiliar que deve acompanhar o aluno autista, mesmo nos que tem um autismo leve, como o filho de Keyla.

 

“A lei não fala em limite por escola. Fala que se o aluno tem o laudo, é obrigado a dar o auxiliar para a criança”, explica Keyla. A história dela chegou a outras mães através de um desabafo no Facebook após passar por “inferno” após ver o filho ser rejeitado pelas escolas.

 

Reprodução/Facebook

Keyla Zavareze Leonor autismo

Nas redes sociais ela encontrou o apoio de outras mães que passaram pela mesma situação. “Muitas pessoas mães vieram me ajudar, tiveram empatia e me indicaram escolas que acolheram os filhos delas. Se fala muito de inclusão, mas é muito bom na teoria, na prática é diferente”.

 

Apesar do episódio triste, ela encontrou uma escola para matricular o filho e nela o amparo para tirar dúvidas e também sobre o acompanhamento do desenvolvimento de Bento. Mesmo assim, ela irá levar adiante o processo contra as escolas que negaram a matrícula, para que outras crianças não precisem passar pela mesma situação.

 

“Eu não queria processar, gastar energia. Mas decidi entrar com uma ação porque a lei diz que isso não pode acontecer. Não é pelo dinheiro, é para que o caso fique conhecido e outros pais vão saber que eles têm direito à vaga”, conta Keyla.

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A inspiradora história de Pedro Lessa

 

Perguntamos a Joana (mãe) de Pedro sobre a lei sancionada por Lula, que agora o bullying é crime, o que ela achava?

Resposta de Joana:
“Se tornar crime não resolve o bullying, é muito mais sobre educação do que punição!

Se não tiver o respeito com o outro, se tiver a empatia de se colocar no lugar do outra lei não resolve, a lei vai piorar porque aquele que ataca também está ferido!”

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Aluna com autismo é vítima de bullying dentro de escola, vídeos repercutem e geram protesto em Natividade

Protesto aconteceu nesta sexta-feira (31) depois que imagens viralizaram nas redes sociais. Após o caso, que aconteceu na segunda-feira (27), a vítima está sendo acompanhada pelo setor de psicologia do Conselho Tutelar da cidade.

Um vídeo que mostra estudantes praticando bullying contra uma aluna que tem autismo em uma escola estadual na cidade de Natividade, no Noroeste Fluminense, ganhou repercussão nas redes sociais, gerou revolta e um protesto pedindo justiça pela jovem que estava sendo hostilizada.

A manifestação foi nesta sexta-feira (31) na frente do Colégio Estadual Flávio Ribeiro de Rezende, que fica no bairro Balneário, onde o caso aconteceu na segunda-feira (27).

A Secretaria de Estado de Educação informou que a subsecretária de Planejamento e Ações Estratégicas, Myrian Medeiros, foi enviada ao colégio nesta sexta para tomar todas as providências para que “casos como esse não se repitam”. A secretaria ainda reforçou a importância das pessoas não compartilharem o vídeo, em atenção ao Estatuto da Criança e ao Adolescente.

Nas imagens que circulam na internet, é possível ver a vítima sentada enquanto uma aluna implica com ela, tenta puxar o cabelo e a xinga. Durante a ação, outras estudantes que estão em volta riem incitando o bullying e gravam o momento com os celulares.

A vítima, constrangida, começa a chorar e as outras meninas dizem: “chora! chora, bebê”.

A família da vítima não quis gravar entrevista, mas disse ao g1 e disse que só tomou conhecimento do caso nesta quinta-feira (30). A menina tem 11 anos e vive na zona rural da cidade. Ela faz acompanhamento especializado por conta do transtorno do espectro autista em um centro especializado neste tipo de tratamento.

Durante o protesto, estudantes e outras pessoas gritavam palavras pedindo justiça e seguravam cartazes com dizeres como “Diga não ao bullying” e “o preconceito pode ser evitado”.

Agora, por conta do episódio ocorrido na escola, ela também está sendo acompanhada pelo setor de psicologia do Conselho Tutelar da cidade.

O Conselho informou que uma reunião com a direção do Colégio e com os responsáveis dos adolescentes envolvidos foi realizada e que um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia.

Pedidos de desculpa

Após a repercussão, os pais da jovem que aparece praticando o bullying divulgaram um vídeo, pedindo desculpas pelo ocorrido e dizendo que não concordam com a atitude da filha. Eles afirmam que querem se desculpar pessoalmente com a vítima.

“Eu, no lugar de pai, já estou indignado com isso, imagino [que] vocês também. Eu peço desculpas a todo mundo, à família da menina. Vou fazer um vídeo, vou lá na casa da menina. Só não fui ainda porque não passaram o endereço, porque não pode passar o endereço. Mas eu vou atrás porque eu sei que minha filha errou. Eu já corrigi ela, vou tá corrigindo e explicando mais e mais que isso é errado e isso não pode. Eu sei que isso é disciplina e os pais que têm que falar isso, mas eu falo. Eu explico pra ela o que é errado e o que é certo. Peço que vocês me perdoem e os pais da menina, mas eu vou lá pedir desculpa a ela de frente”, disse o pai.

A mãe da jovem que atacou a colega também falou sobre o ocorrido.

“Nós sempre ensinamos a ela que não tem que falar dos outros porque ninguém é melhor do que ninguém. Nós todos temos o mesmo sangue. Deus fez a gente do mesmo jeito. Nós somos todos filhos de Deus”.

A mãe finaliza dizendo que depois da divulgação dos vídeos ela e a família têm recebido muitas mensagens de pessoas criticando a atitude da filha.

“Foi jogado na internet e agora nós não temos paz porque é mensagem toda hora. Pedimos desculpa a todas as pessoas porque educação nós damos. Conversamos todos os dias com ela e com nosso outro menino. E eu não tô dizendo que ela tá certa não. Essa atitude dela está errada porque ela não é melhor do que ninguém. E se tiver que pagar pelos erros dela nós paga”, conclui.

O que diz o Estado?

O Governo do Estado, responsável pela unidade onde o caso aconteceu, informou que ações para promover uma cultura de paz serão intensificadas a partir da próxima semana. E disse que, na terça-feira, dia seguinte ao ocorrido, a direção da escola já havia programado fazer com o Conselho Tutelar um evento para discutir bullying na rede escolar.

Nesta sexta-feira, o governador Claudio Castro publicou em uma rede social falando sobre o ocorrido e disse que, assim que tomou conhecimento do caso, tomou as providências necessárias.

Confira a nota do estado na íntegra:

“A Secretaria de Estado de Educação repudia de forma veemente casos de bullying. Em relação ao triste episódio ocorrido no Colégio Estadual Flávio Ribeiro de Resende, em Natividade, a subsecretária de Planejamento e Ações Estratégicas, Myrian Medeiros, responsável pela Superintendência de Projetos para Educação Especial da Secretaria de Estado de Educação, está hoje na unidade para tomar todas as providências para que casos como esse não se repitam.

– O respeito é fundamental dentro e fora das salas de aula. Determinei a professora Myrian que fosse a Natividade para tomar todas as providências para o acolhimento da aluna que sofreu bullying, conversasse com a direção e com os pais e as crianças da escola – explicou a secretária de Estado de Educação, Roberta Barreto.

A direção do colégio já enviou professora e psicóloga à casa da criança vítima de bullying. E profissionais do colégio também conversaram com as estudantes que praticaram o ato e os seus respectivos pais. E integrantes do Conselho Tutelar também foram acionados e medidas protetivas às alunas do colégio foram e continuarão a ser adotadas.

Segundo a professora Myrian, ações que promovam uma cultura de paz serão intensificadas a partir da próxima semana. Na terça-feira, por exemplo, a direção da escola já havia programado fazer com o Conselho Tutelar um evento para discutir bullying na rede escolar.

A Seeduc-RJ destaca, ainda, a importância das pessoas não compartilharem o vídeo, em atenção ao Estatuto da Criança e ao Adolescente”.

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Por Rodrigo Marinho, Amanda Ribeiro e Lilia Bustilho, g1 — Norte Fluminense

31/03/2023 18h23  

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