quarta-feira, abril 24, 2024

Autor: admin

O aplicativo Sarahah não é ruim – as pessoas é que são!

Acho engraçado quando vejo alguém falando que não entende o porquê de esses aplicativos de mensagens anônimas continuarem fazendo sucesso. É simples. Quando estava no ensino fundamental, uma das coisas de que mais gostava era receber o caderninho de enquete na minha mesa. Ele tinha uma pergunta em cada página e você, além de dar a sua resposta no “anonimato” (porque todo mundo sabia como era sua letra), era possível ver as respostas dos outros e, eventualmente, perceber que tinha sido citada em alguma. O tempo passou e o papel foi substituído pelos perfis fakes nas redes sociais, pelo Ask FM, pelo Secret e pelo Sarahah. Nós gostamos de saber o que os outros pensam da gente. Não tem segredo.

Mas é aquele negócio, né? As coisas vão se tornando populares e o sonho acaba virando pesadelo. A galerinha mal-intencionada chega e começa a distorcer a ideia inicial do projeto. Ao pé da letra, a palavra árabe “sarahah” significa “franqueza”. Logo, a proposta do aplicativo criado por Zain al-Abidin Tawfiq é que você deixe uma mensagem sincera sobre a pessoa. E o aplicativo destaca que ela precisa ser “construtiva”. Ou seja, o app não deve ser usado para espalhar o ódio, ofender e/ou oprimir.

Alguns especialistas, contudo, já estão alertando sobre os perigos do aplicativo, que está sendo usado como uma nova ferramenta de cyberbullying. Como a maioria dos usuários é adolescente, as preocupações redobram de tamanho, vide casos recentes envolvendo a jogo virtual Blue Whale. O medo é que o app funcione como uma espécie da gatilho para pessoas que já são vítimas de bullying na vida real e sofrem de depressão.

A minha experiência com o Sarahah foi bastante positiva. Percebi que ele é um aplicativo de curta duração, principalmente se você usa a versão para computador e não o aplicativo. Como é preciso compartilhar a URL da sua página de recados nas redes, se você abandona a divulgação, logo as mensagens param de chegar. Não recebi nenhum comentário ofensivo e de ódio, e não acho que a razão para isso ter acontecido seja eu. Talvez meu círculo de amizades seja só muito legal, tolerante e humano. “Só”.

Quando somos adolescentes, temos a tendência de minimizar problemas sérios como o bullying. “É apenas uma brincadeirinha”, dizem os que praticam. Aí, realmente o aplicativo pode virar uma bola de neve. Entretanto, vale relembrar que a proposta do Sarahah não é usar o anonimato para destilar ódio gratuito (ou não gratuito) por aí. É tão legal você abrir a sua caixa de mensagens e se deparar com recados como esses abaixo que recebi. Meu coração ficou tão quentinho! Você se sente amada e satisfeita por saber que mudou a vida de alguém de alguma forma.

Notícias

Partidos têm ideias para combater violência e bullying nas escolas

PCP propõe criação de gabinetes pedagógicos de integração escolar para promover um ambiente saudável e acompanhar alunos sinalizados. Os Verdes defendem mais psicólogos nas escolas e o CDS-PP recomenda ações de sensibilização sobre cyberbullying.

 

A indisciplina, a violência, o bullying, e a exclusão no interior das escolas são fenómenos que preocupam os partidos políticos. Há várias ideias em cima da mesa. O grupo parlamentar do PCP propõe a criação de gabinetes pedagógicos de integração escolar nos agrupamentos e escolas não agrupadas do 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário que, entre outras tarefas, acompanhem alunos sinalizados e combatam o abandono e insucesso escolar. O CDS-PP e Os Verdes também estão atentos a essas realidades e avançam com várias recomendações para combater a violência nas escolas. O CDS-PP sugere um programa anual sobre cibersegurança e cibercrime e sessões de informação sobre utilização da Internet nas escolas. Os Verdes insistem na contratação de mais psicólogos para os estabelecimentos de ensino e defendem a elaboração de uma agenda que aborde e sensibilize alunos, professores, pessoal não docente, pais e encarregados de educação, para as questões que envolvem o cyberbullying.

“A resposta aos problemas da indisciplina, da violência, do insucesso e do abandono escolar deve ser necessariamente ampla e integrada, não podendo ser reduzida a nenhuma medida em particular”, sublinha o PCP no seu projeto de lei. O grupo parlamentar defende, deste modo, uma intervenção estruturada para promover “um efetivo combate aos fenómenos de indisciplina, violência, bullying ou exclusão no interior da escola”.

Os gabinetes pedagógicos de integração escolar, que o PCP defende, têm como principal objetivo “a promoção de um ambiente escolar saudável e estimulante que simultaneamente crie as condições para um efetivo acompanhamento na aplicação das medidas corretivas e que articule entre toda a comunidade escolar as respostas necessárias para a supressão de hábitos ou comportamentos desadequados ou prejudiciais ao ambiente escolar”. Gabinetes que devem ser constituídos por psicólogos, profissionais das ciências da educação, animadores socioculturais, assistentes sociais, professores, funcionários dos agrupamentos escolares, representantes das associações de estudantes.

Estas estruturas escolares teriam nas mãos o acompanhamento da execução de medidas corretivas, o acompanhamento social ou pedagógico do aluno a seu pedido ou por recomendação do diretor de turma, do conselho de turma, do diretor, ou do conselho pedagógico. E ainda a realização, promoção, apoio ou dinamização de iniciativas que combatam o abandono e insucesso escolares, a exclusão, a violência e a indisciplina, e promovam um ambiente de cidadania, participação e responsabilidade.

 

Bloquear sítios impróprios

O PCP considera que as medidas repressivas não devem ser a primeira abordagem para os problemas das escolas, mas sim uma “resposta de fim de linha que é tomada apenas de forma complementar após a intervenção pedagógica, social e política de prevenção de comportamentos desajustados ou violentos”. Os gabinetes que propõe trabalhariam no âmbito da autonomia das escolas e o Governo ficaria responsável pela atribuição de condições materiais, financeiras e humanas para um funcionamento regular.

Os Verdes querem mais psicólogos nas escolas e ações de sensibilização sobre cyberbullying dirigidas a toda a comunidade educativa. Num projeto de resolução, o partido ecologista sublinha que compete às escolas, e também aos serviços de saúde, sensibilizar crianças e jovens para os cuidados a ter e para a deteção preventiva de eventuais crimes no mundo da Internet. Até porque, sublinha, os professores “são agentes determinantes na deteção de problemas e na procura da sua solução” e as escolas “um espaço relevante” para prestar auxílio em situações de cyberbullying.

O CDS-PP, por seu turno, alerta, num projeto de resolução, para a urgência de “medidas de prevenção para o combate ao crime e à violência, particularmente o cyberbullying e o cibercrime”, nomeadamente nas escolas. Nesse sentido, os centristas propõem que o Parlamento recomende ao Governo o bloqueio do acesso a sítios na Internet e aplicações digitais considerados potencialmente perigosos ou impróprios para menores de idade. E, por outro lado, que desenvolva um programa anual para estudantes sobre cibersegurança e cibercrime e sessões de informação nas escolas sobre a utilização segura da Internet.

Para o CDS-PP, a cibercriminalidade, a violência e a criminalidade em contexto escolar são matérias relativamente novas, mas que estão a aumentar e, por isso, é necessário definir planos e ações concretas de sensibilização, formação e prevenção. Na sua perspetiva, a globalização virtual exige “cada vez mais e maiores cautelas”, medidas preventivas e “até repressivas”, e a segurança no uso da Internet deve ser uma das prioridades na abordagem com crianças e jovens.

font: http://www.educare.pt - Sara R. Oliveira
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Nudes: alunos estão enviando esse tipo de foto pela internet

Imagem: Shutterstock. Intervenções: Lucas Magalhães

Cutting, suicídio, Baleia Azul, bullying e cyberbullying. Essas expressões se tornaram comum no ambiente escolar, com estudantes passando por abusos sistemáticos de colegas. E com um celular no bolso, todo esse universo está a um clique de distância de se obter mais informações e de ser alvo ou ator de uma dessas ações. Por isso a série “13 Reasons Why” (“Os 13 Porquês” em português) repercutiu tanto (se você ainda não sabe sobre o que se trata, vale dar uma espiadinha na resenha que publicamos em NOVA ESCOLA sobre o tema).

No último sábado (27), a redação de NOVA ESCOLA e Gestão Escolar recebeu 30 educadores para discutir clima escolar a partir de algumas situações apresentadas pela produção da Netflix. A maior parte da conversa passou pelos comportamentos citados acima e tinha, em diversos casos, uma arma poderosa para se propagar: o celular. Como indica a pesquisa TIC Domicílios 2015, 70% dos indivíduos de 10 a 15 anos e 87% dos de 16 a 24 usam a internet no dispositivo móvel.

“Recentemente minha filha contou que a amiga mandou nude para um menino e a escola inteira recebeu a foto”, contou uma das participantes do evento que é estudante de Pedagogia. A menina era do 7º ano e o menino do 9º. “Era uma foto só da parte da frente, mas é uma situação que a menina está tendo que lidar e minha filha, por ser amiga dela, também. Estou sempre orientando, falando que tudo o que se coloca em mídia fica e perdemos o controle sobre ela. É uma situação complicada e que aparece com frequência nas escolas”, continua.

De acordo com Marcelo Clementino, vice-diretor da EE Carlos Maximiliano Pereira dos Santos e um dos convidados de NOVA ESCOLA para mediar as conversas, os nudes circulam desde as séries iniciais do Fundamental, mas se intensificam quando os estudantes ficam mais velhos. “Nossa instituição desenvolve um projeto de professores tutores que acompanham o aluno além da vida acadêmica, o que nos aproxima deles e abre um canal de diálogo. É cada coisa que contam para gente que nos deixam de cabelo em pé!”, relata.

Imagem: Shutterstock. Intervenções: Lucas Magalhães

Essas fotografias e vídeos nus enviados e instantaneamente dissipadas pelas redes sociais abalam a convivência e saúde mental das vítimas do cyberbullying. Alvo de rótulos e comentários maldosos, a consequência pode se manifestar com a vergonha de ir à escola, baixo rendimento em aula e até a vontade de abandonar os estudos. “O celular maximiza a comunicação. Se entro em contato com uma situação, mas não tenho um celular na mão, tenho todo um período até encontrar as pessoas e tomar uma atitude”, diz Gustavo Estanislau, especialista em Psiquiatria da Infância e da Adolescência e integrante do grupo Cuca Legal, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que promove o tema saúde mental nas escolas. “Esse período me ajudaria a trabalhar essa questão de uma forma bem mais racional”, completa.

Os relatos dos educadores mostram que em diversas situações os responsáveis pelo vazamento das fotos não é o receptor do nude. “Às vezes, a culpa fica apenas entre quem mandou e quem recebeu, mas muitas vezes o problema está ao redor. Já aconteceu caso de um celular ser furtado e vazarem fotos. Tanto o menino quanto a menina saíram da escola”, compartilha uma das professoras presentes. “Eles próprios também emprestam o celular e são sabotados pelos colegas. Os nudes são frequentes. Eles chegam para mim e mostram. A relação de comunicação entre eles é muito complicada, porque eles praticam muitas vezes o bullying sem saber que é por esse meio”, complementa o vice-diretor Marcelo.

LEIA MAIS: Como lidar com o cyberbullying na escola?

Para lidar com um nude ou outra agressão virtual, os procedimentos são os mesmos do bullying tradicional. “Temos que conversar com quem foi agredido e com o agressor, mas são conversas individuais. Sempre será necessário fazer um trabalho com os que são espectadores também porque eles também estão envolvidos”, explica Luciene Tognetta, professora de psicologia escolar da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem).

De acordo com a especialista, a situação pede um protocolo de atuação. Por isso, é importante que a conversa seja feita pelo orientador educacional ou que os professores recebam uma formação para saber como introduzir o diálogo em cada caso, levar o autor a reparar o dano causado e lidar com os espectadores. “Ele tem que estar bem preparado, com linguagem e abordagem que não seja de exposição”, aponta Luciene. Marcelo concorda: “Temos que estudar e se preparar para conseguir buscar soluções e dar feedback para as famílias de como ajudar esses adolescentes”. Após a conversa, os alunos envolvidos nos casos de cyberbullying precisam ser responsabilizados. “Quem ajuda a pensar a responsabilização é o próprio agressor. Não deve ser uma punição, mas pensar como é que ele vai reparar o dano causado para vítima”, indica a professora da Unesp.

VEJA TAMBÉM: Alunos como mediadores de conflitos na escola

Quando o caso acontece com um adolescente e a escola tem conhecimento do caso, o ideal é sugerir ao aluno que os responsáveis sejam informados. No entanto, para não quebrar o elo de confiança criado, é preciso respeitar a decisão do adolescente. “No caso das crianças, devem ser convocados porque os pais precisam saber. Não se trata apenas de uma relação de confiança, mas de obediência”, esclarece Luciene.

Mas a escola não pode trabalhar apenas quando os casos vêm à tona. O trabalho preventivo deve ser feito durante todo o ano letivo. “A superação da condição da agressão física ou virtual só se dá com a mudança na verdade do clima da escola e mudá-lo é dar aos estudantes a possibilidade de serem protagonistas das suas ações, discutir os problemas que têm e fazê-los com que se sintam respeitados”, explica a especialista em psicologia escolar.

Baixe aqui o pôster do evento com 13 dicas para construir uma escola acolhedora!

 

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Semed realizou encontro para discutir cyberbullying com professores da Reme

O assédio virtual será o tema do 1º Encontro da Rede Municipal de Ensino (Reme): “Bullying e Cyberbullying: quando a brincadeira perde a graça!”, que integra o Programa “Educação em Foco: múltiplas dimensões da formação continuada”.

A abertura será na segunda-feira (5), às 13 horas, no Centro de Formação da Semed. O objetivo é fortalecer o trabalho das escolas municipais para disseminação de práticas cidadãs nas diferentes etapas de ensino, fomentando a discussão sobre formas de enfrentamento e prevenção ao bullying e cyberbullying.

O evento é coordenado pela Superintendência de Gestão das Políticas Educacionais, Superintendência de Gestão e Normas, Divisão de Educação e Diversidade e Gerência de Ensino Fundamental e Médio e deve reunir pelo menos 200 pessoas entre diretores, professores, coordenadores e técnicos da Secretaria Municipal de Educação (Semed).

Serão debatidos três temas no evento, abordando desde a intervenção e prevenção do bullying até suas implicações na vida do adolescente. As palestras serão ministradas pelas professora doutora Ordália Alves de Almeida, pela advogada Márcia Regina Soares e pelo psiquiatra Rodrigo Ferreira Abdo.

Este é o primeiro encontro de várias ações que a Semed irá organizar nas escolas, que a partir desse evento, serão orientadas quanto a preparação de diversas atividades que serão desenvolvidas no terceiro bimestre.

A ideia é que o aprendizado adquirido através das palestras e repassado aos alunos promova uma reflexão sobre o tema.

Nas escolas da Reme são desenvolvidos projetos isolados, com acompanhamento pedagógico, quando se observa a prática do bullying.

Os atos praticados pelo bullying, inclui rotulação pejorativa, discurso de ódio, comentários sexuais, ameaças, colocando o alvo em ridicularização ou falsas declarações com o intuito de humilhação.

A expressão “cyberbullying” é de origem inglesa. Seu significado menciona a prática do uso de tecnologia de informação e comunicação para cometer comportamentos hostis, repetidos e deliberados contra um indivíduo ou grupo com intenção de prejudicar o outro.

 

Preocupação

O tema é uma preocupação constante, tanto que em maio a Semed realizou o ciclo de oficinas Segurança, ética e cidadania na internet, que contou com palestra do psicólogo e diretor de Educação da ONG Safernet Brasil, Rodrigo Negemi.

A secretária municipal de Educação, Ilza Mateus, também tem participado de seminários e encontros sobre bullying, promovidos por órgãos públicos e entidades.

Em Campo Grande, a lei municipal n° 4.854, sancionada em 10 de junho de 2010, dispõe sobre a inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying escolar no projeto político pedagógico elaborado pelas escolas.

Notícias

Entrevista sobre c: “A arma das agressões é o telemóvel”

A divulgação de um vídeo sobre um alegado abuso sexual a uma jovem perante a passividade e incentivo dos colegas durante a Queima das Fitas no Porto, abriu de novo a reflexão sobre o cyberbullying. Luís Fernandes, psicólogo habituado a fazer intervenção nas escolas, lembra que atualmente tudo pode ir parar à internet. E que todos os intervenientes nestas situações vão sofrer agressões.

Estamos perante um caso de cyberbullying?
Penso que sim. Uma das características que distinguem o bullying do cyberbullying é a repetição. E para isso basta ser gravado. Esta foi uma situação pontual, mas ao ser gravada enquadra-se. E a arma das agressões acaba por ser o telemóvel.

No vídeo, é possível ver que alguns jovens incentivam e filmam, sem que alguém impeça ou diga para parar. Como se classifica esta atitude coletiva?
É o efeito manada, os miúdos agem sem pensar, de uma forma automática. Normalmente, há um que lidera — e que não tem de ser quem protagoniza — e os outros vão atrás. Na maior parte das vezes, não têm a verdadeira noção do impacto das ações. No trabalho que faço, encontro jovens que confessam que nunca pensaram que ganhasse outras dimensões. Acaba por ser uma coisa quase entre eles, só que nas redes sociais há sempre alguém que partilha.

Estes jovens são nativos digitais. Não deviam ter noção de como funciona a internet?
Com a idade que têm [aparentam ser estudantes universitários] já deviam ter alguma maturidade para não ter este tipo de comportamento. O que nós vemos — e isto é outra característica do cyberbullying — é que ultrapassam os limites porque não têm um feedback em tempo real que os faça travar. Se não existir alguém no grupo que faça alguma coisa, que diga que já estão a exagerar, ou que aquilo não faz sentido, há um efeito escalada. É um efeito de bola de neve, cada vez se vai tornando mais interessante, não tendo a noção até onde pode ir. Isso deixa-nos pasmados quando acontece nesta faixa etária.

Quem partilha o vídeo também está a contribuir para as agressões?
Sem dúvida. Enquanto que no bullying, as pessoas devem intervir, fazer algo, ter uma atitude proativa, no cyberbullying o ideal é não fazer nada. Cada vez que nós estamos a partilhar é mais uma agressão que está a acontecer. É mais um caminho em termos de redes sociais que vai ficar. O que é colocado na internet fica lá para sempre, nós perdemos o controlo. Há servidores diferentes, há pessoas que entretanto gravaram o vídeo e o podem colocar vezes sem conta.

Quais serão as consequências para estes jovens?
Este vídeo vai estar sempre presente na vida desta rapariga. É um rótulo que fica para sempre. Tanto para a vítima, como para os outros jovens. O perfil deles nas redes sociais começa a ser procurado, e eles a serem alvos de ameaças e agressões.

Ninguém está protegido na internet?
É assustador, mesmo para quem não tem perfis em redes sociais e pensa que está mais protegido. Há um acontecimento qualquer, como um jantar entre colegas, alguém tira uma foto e partilha-a numa rede social. A pessoa — mesmo sem querer — vai ver o seu nome numa rede social em que pode ser vítima de alguma agressão.

Como se previnem estes comportamentos?
Quando começamos a trabalhar estas questões, o que acontece por volta dos 14 anos, já vamos atrás dos prejuízos. Tem de existir uma prevenção o mais precoce possível. Se estes jovens tivessem sido alvo de algum tipo de formação, estariam mais atentos e sensíveis. E, se calhar, isto não tinha acontecido. Ou tinha e algum deles que tinha tido o discernimento de travar esta situação. É preciso um plano nacional de prevenção.

Muitas pessoas discutem agora se o ato foi ou não consentido. Como vê esta atitude?
Descentram-se do essencial para comentar o acessório. O essencial é que aquilo aconteceu. Mesmo que a rapariga soubesse que estava a ser filmada, nunca era situação para ser divulgada. Devia ter havido outro filtro que também não houve. Aquelas pessoas – sejam agressores ou vítimas – também estão a ser expostas na praça pública.

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Cyberbullying nos jogos

É comum discutir o que se pode fazer para combater o ‘cyberbullying’ através das redes sociais mas é muitas vezes esquecido que também há abusos nos jogos online. No âmbito de um estudo foram inquiridos 2,500 mil jogadores entre os 12 e os 26 anos, dos quais 57% dizem já ter sido alvo de abusos enquanto jogavam online.

Diz o Mirror que estes jogadores foram alvo de ‘trolls’ (64%), discurso de ódio (50%), ameaças (47%), contacto sexual não requisitado (39%) e informação privada partilhada (34%) e até invasões informáticas (38%). “Se alguém não está a jogar bem será bombardeado com abuso. É literalmente uma corrente e dirão qualquer coisa que possas imaginar como ‘Espero que os teus pais morram’ e ‘Vou matar-te’”, disse um dos jogadores inquiridos.

 O abuso é constante e sete entre cada 10 jogadores afirma que o ‘cyberbullying’ nos jogos online deve ser levado mais a sério, com cerca de metade dos jogadores inquiridos a afirmar que se devia apostar em moderadores humanos.
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